Conteúdo discutido neste post
O que é colelitíase
Sintomas: como reconhecer a cólica biliar
Fatores de risco e quem deve investigar
Diagnóstico: exames que esclarecem
Principais complicações
Tratamento: observação, remédios, CPRE e cirurgia
Gravidez e pedra na vesícula
Pós-operatório e vida prática
Prevenção: hábitos e situações especiais
FAQ rápido
Aviso importante (disclaimer de saúde)
Como a VirtualCare pode ajudar
Referências e leituras recomendadas
O que é colelitíase
Colelitíase é a presença de cálculos (pedras) no interior da vesícula biliar. A maioria é formada por colesterol; há também cálculos pigmentares, ligados a hemólise crônica ou infecções biliares. Muitas pessoas permanecem assintomáticas por toda a vida. Quando a pedra obstrui temporariamente o ducto cístico, surge a cólica biliar. Se a obstrução se prolonga e inflama a parede da vesícula, ocorre colecistite aguda.
Sintomas: como reconhecer a cólica biliar
A cólica biliar é uma dor em aperto no quadrante superior direito ou no epigástrio, que pode irradiar para as costasou ombro direito. Costuma iniciar 30 a 90 minutos após refeições gordurosas, dura de 30 minutos a algumas horase pode vir com náusea e vômitos. Entre as crises, a pessoa fica bem. Febre, dor contínua por mais de 6 horas e icteríciasugerem complicação, não apenas cólica.
Sinais de alerta para atendimento imediato: dor que não cede, febre, calafrios, pele e olhos amarelados, vômitos persistentes ou piora do estado geral.
Fatores de risco e quem deve investigar
Os fatores clássicos para pedra de colesterol incluem sexo feminino, idade acima de 40 anos, sobrepeso/obesidade, gestação, uso de estrogênio e história familiar. Perda de peso muito rápida e cirurgia bariátrica aumentam o risco. Doenças como diabetes, doença de Crohn ileal e hemólise crônica também se associam.
Devem investigar quem tem:
Cólica biliar típica
Alterações laboratoriais de colestase
Suspeita de complicações (icterícia, febre, pancreatite)
Condições especiais em que o risco futuro é alto, como hemoglobinopatias, imunossupressão ou candidatas a transplante.
Diagnóstico: exames que esclarecem
Ultrassonografia de abdome é o exame de primeira escolha. Mostra cálculos, espessamento da parede e sinais indiretos de inflamação.
Exames de sangue ajudam a diferenciar cólica simples de complicações: bilirrubinas, fosfatase alcalina, GGT, transaminases, amilase/lipase e leucograma.
Quando há dúvida sobre cálculo no colédoco (coledocolitíase), usam-se CPRM/MRCP (ressonância magnética das vias biliares) ou EUS (ecoendoscopia). A CPRE fica para diagnóstico quando há alta probabilidade e, principalmente, para tratamento.
Principais complicações
Colecistite aguda: dor contínua, febre, defesa muscular e sinal de Murphy. Requer antibiótico e, na maioria, colecistectomia na mesma internação.
Coledocolitíase: pedra no ducto biliar comum, com icterícia e enzimas de colestase elevadas.
Colangite: infecção das vias biliares. Tríade de febre, icterícia e dor (Charcot); em casos graves surgem hipotensão e confusão (pêntade de Reynolds). É uma urgência com antibiótico e drenagem biliar por CPRE.
Pancreatite biliar: inflamação do pâncreas por impacto do cálculo na papila. Dor epigástrica intensa que irradia para as costas e elevação de amilase/lipase.
Outras situações menos comuns: síndrome de Mirizzi e íleo biliar.
Tratamento: observação, remédios, CPRE e cirurgia
A conduta depende de sintomas e risco de complicação.
Assintomáticos
Não se remove vesícula rotineiramente. Considera-se colecistectomia preventiva em cenários selecionados: cálculos muito grandes (em geral acima de 2 a 3 cm), pólipos de vesícula maiores que 10 mm ou em crescimento, vesícula em porcelana, hemólise crônica e algumas situações de imunossupressão ou transplante. Em cirurgia bariátrica, muitas equipes preferem não retirar a vesícula de rotina e fazem profilaxia com ácido ursodesoxicólico por alguns meses para reduzir formação de cálculos.
Cólica biliar recorrente
A recomendação é colecistectomia videolaparoscópica, método padrão com recuperação rápida. Analgésicos e antieméticos controlam sintomas até a cirurgia. Dissolução química com ursodesoxicólico pode ajudar apenas em poucos casos bem selecionados (cálculos pequenos de colesterol, vesícula funcionante), com taxa de recidiva alta após suspensão.
Complicações
Colecistite aguda: antibiótico dirigido e colecistectomia precoce.
Coledocolitíase/colangite: CPRE para retirar a pedra e desobstruir, seguida de colecistectomia para prevenir novas migrações.
Pancreatite biliar: suporte clínico. Após melhora, programar colecistectomia na mesma internação ou em breve, para evitar recorrência.
Riscos e benefícios da cirurgia são discutidos caso a caso. Em situações de alto risco cirúrgico, há alternativas de drenagem percutânea ou endoscópica temporária.
Gravidez e pedra na vesícula
A gestação aumenta a estase biliar e a saturação de colesterol. A maioria é manejada de forma conservadora no primeiro episódio. Se houver recorrência ou complicações, colecistectomia videolaparoscópica é considerada segura principalmente no segundo trimestre em centros experientes. Para suspeita de cálculo no colédoco, a CPREcom técnicas de baixa ou nenhuma fluoroscopia pode ser realizada quando necessária.
Pós-operatório e vida prática
Após a colecistectomia, a bile passa a drenar continuamente ao intestino. A maioria retoma alimentação habitual em poucos dias. Algumas pessoas têm fezes mais moles no início; se persistente, discuta com a equipe, pois há manejo específico. Dicas úteis:
Comece com refeições menores e mais frequentes na primeira semana.
Retorne gradualmente à atividade física conforme orientação.
Não há dieta “universal sem gordura” a longo prazo; o plano é individual.
Prevenção: hábitos e situações especiais
Peso saudável com perda gradual, evitando dietas muito restritivas ou jejuns prolongados.
Padrão alimentar rico em fibras, frutas, verduras, gorduras insaturadas e pobre em ultraprocessados.
Atividade física regular e controle de diabetes e dislipidemia.
Em bariátrica e perdas de peso rápidas, discuta ursodesoxicólico preventivo por tempo limitado.
Revise uso de estrógenos e outras medicações com a equipe quando há risco aumentado.
FAQ rápido
Pedras pequenas são mais perigosas?
Pedras pequenas podem migrar para o colédoco e causar pancreatite. Pedras muito grandes aumentam risco de complicações locais ao longo do tempo. Ambas merecem avaliação individual.
Preciso operar se tenho pedra e nenhum sintoma?
Na maioria das vezes, não. Há exceções de alto risco, como pólipos grandes, vesícula em porcelana, cálculos muito volumosos e hemólise crônica.
Remédio dissolve pedra?
O ácido ursodesoxicólico só funciona em poucos casos específicos e costuma haver recidiva quando suspenso. Para quem tem sintomas, a solução efetiva é geralmente cirúrgica.
Dói muito a cirurgia?
A videolaparoscopia tende a ter dor moderada e recuperação rápida, com alta no mesmo dia ou no seguinte em muitos casos.
Dieta sem gordura para sempre?
Não. Após adaptação, a maioria volta a comer normalmente. Ajustes finos são feitos conforme tolerância.
Aviso importante (disclaimer de saúde)
Este conteúdo é educativo e não substitui consulta médica. Cólica biliar prolongada, febre, icterícia ou vômitos persistentes são sinais de alerta que exigem avaliação imediata. A decisão entre observação, endoscopia e cirurgia é individualizada.
Como a VirtualCare pode ajudar
Nossa equipe avalia sintomas e exames, define estratégia de tratamento com você, organiza encaminhamento cirúrgico quando necessário e acompanha prevenção e recuperação no pós-operatório. Precisa de orientação personalizada? Agende uma consulta com a VirtualCare.
Referências e leituras recomendadas
WGO / ACG. Practice guidelines on gallstone disease: diagnóstico e tratamento de colelitíase, colecistite e coledocolitíase.
Tokyo Guidelines. Diagnóstico e manejo de colecistite e colangite agudas.
ESGE / ASGE. Recomendações para avaliação de coledocolitíase, uso de EUS, MRCP e CPRE terapêutica.
EASL. Doença da vesícula e vias biliares: prevenção, tratamento e cuidados na gestação.
Cochrane Reviews. Colecistectomia precoce na colecistite aguda e estratégias de manejo em pancreatite biliar leve.


