Conteúdo discutido neste post
O que é enxaqueca
Sintomas e tipos: com aura e sem aura
Por que a enxaqueca acontece
Gatilhos frequentes e como monitorar
Diagnóstico e quando pedir exames
Tratamento da crise: o que funciona
Prevenção: remédios, hábitos e suplementos com evidência
Situações especiais: gestação, lactação e anticoncepcionais
Cefaleia por abuso de analgésicos
Quando procurar ajuda urgente
FAQ rápido
Aviso importante (disclaimer de saúde)
Como a VirtualCare pode ajudar
Referências e leituras recomendadas
O que é enxaqueca
Enxaqueca é um transtorno neurológico que cursa com dor de cabeça recorrente, geralmente pulsátil, de intensidade moderada a forte, piora com esforço físico habitual e acompanha sintomas como náusea, vômitos, sensibilidade a luz e som e, em parte das pessoas, aura. As crises costumam durar de 4 a 72 horas sem tratamento. Não é “frescura” nem apenas estresse: há base biológica bem descrita, com predisposição genética.
Sintomas e tipos: com aura e sem aura
Sem aura: dor geralmente unilateral, latejante, piora com atividade, sensibilidade a luz e barulho, náusea ou vômitos.
Com aura: sintomas neurológicos transitórios que antecedem ou acompanham a dor. Mais comuns são fenômenos visuais (pontos brilhantes, linhas em zigue-zague, escotomas). Podem ocorrer formigamentos ou dificuldade transitória de fala. A aura costuma se instalar em 5 a 60 minutos e reverter completamente.
Enxaqueca crônica é quando há cefaleia em 15 ou mais dias por mês por mais de 3 meses, com características de enxaqueca em pelo menos 8 desses dias.
Por que a enxaqueca acontece
A enxaqueca envolve hipersensibilidade do sistema nervoso e uma cascata inflamatória neurogênica. Um mediador central é o CGRP. Em pessoas predispostas, oscilações de sono, hormônios, alimentação e estresse modulam a excitabilidade cerebral. Não é problema de circulação por entupimento. O entendimento dessa biologia abriu espaço para terapias específicas que visam o CGRP.
Gatilhos frequentes e como monitorar
Gatilhos variam de pessoa para pessoa. Os mais citados:
Privação ou excesso de sono, horários irregulares
Jejum prolongado ou alimentação muito rica em ultraprocessados
Desidratação, álcool, excesso de cafeína ou retirada brusca
Oscilações hormonais, especialmente no período perimenstrual
Estresse e relaxamento pós-estresse
Cheiros intensos, luzes fortes, variações de clima
Um diário de cefaleia simples ajuda a identificar padrões: anote data, duração, intensidade, remédios usados, sono, ciclo menstrual e possíveis gatilhos. Com 4 a 8 semanas de registros, o plano fica mais assertivo.
Diagnóstico e quando pedir exames
O diagnóstico é clínico, baseado na história e no exame neurológico normal entre as crises. Exames de imagem não são rotineiros. Eles entram em cena quando há sinais de alerta ou mudança importante do padrão.
Sinais de alerta que pedem avaliação e possível imagem (mnemônico SNOOP):
Sintomas sistêmicos ou Sinais como febre e perda de peso
Neurológicos focais persistentes, confusão, convulsão
Onset súbito, dor explosiva
Older, início após 50 anos
Padrão diferente, progressivo, pior dor da vida
Outros pontos: piora com esforço, tosse ou Valsalva, cefaleia após trauma, uso de anticoagulantes, imunossupressão, gravidez e puerpério.
Tratamento da crise: o que funciona
Objetivo: aliviar rápido, reduzir náusea e retomar a rotina.
Medidas iniciais
Ambiente silencioso e escuro, hidratação, sono breve se possível.
Antiemético ao início da crise quando há náusea.
Medicamentos de ataque
Analgésicos e anti-inflamatórios: dipirona, paracetamol, ibuprofeno, naproxeno, cetoprofeno, diclofenaco. Melhor usar dose plena no início da dor.
Triptanos: sumatriptana, rizatriptana, eletriptana, zolmitriptana. São específicos para enxaqueca e funcionam melhor se tomados cedo. Evitar em doença coronariana, AVC prévio e vasculopatias.
Gepants para crise (ubrogepant, rimegepant, zavegepant nasal em alguns países) são opções quando triptanos falham ou são contraindicados.
Ditans (lasmiditan) atuam via 5-HT1F e não causam vasoconstrição; podem dar sonolência.
Em pronto atendimento, pode-se usar anti-inflamatórios e antieméticos parenterais. O uso rotineiro de opioidesnão é recomendado.
Dica prática: tenha um plano A e um plano B definidos com a equipe para os dias mais difíceis.
Prevenção: remédios, hábitos e suplementos com evidência
Pense em prevenção se você tem 4 ou mais dias de enxaqueca por mês, crises longas ou grande impacto na vida.
Medicamentos preventivos clássicos
Betabloqueadores: propranolol, metoprolol.
Anticonvulsivantes: topiramato e valproato (este último com restrições para mulheres em idade fértil).
Antidepressivos tricíclicos: amitriptilina em baixas doses, útil quando há insônia e dor crônica associada.
Flunarizina e candesartana são opções com evidência e boa tolerância em muitos casos.
Terapias modernas
Anticorpos monoclonais anti-CGRP ou contra seu receptor: erenumabe, fremanezumabe, galcanezumabe, eptinezumabe. Aplicação mensal ou trimestral, perfil de efeitos geralmente favorável.
Gepants preventivos: atogepant, rimegepant em regime intermitente, conforme aprovação local.
Toxina botulínica tipo A: indicada para enxaqueca crônica com protocolos padronizados (técnica PREEMPT).
Hábitos que ajudam
Rotina regular de sono, alimentação e hidratação.
Exercício aeróbico e de força 2 a 4 vezes por semana, progressivo.
Redução de cafeína excessiva e evitar jejum prolongado.
Técnicas de manejo de estresse e terapia cognitivo-comportamental para dor crônica.
Suplementos com alguma evidência: magnésio (citrato ou glicerofosfato, 300 a 400 mg por dia), riboflavina400 mg por dia, coenzima Q10 100 a 300 mg por dia e melatonina em casos com insônia. Discuta doses e interações com sua equipe.
Enxaqueca menstrual
Opções incluem anti-inflamatórios ou triptanos em esquema curto ao redor da menstruação e ajustes de contraceptivo em parceria com ginecologia, quando indicado.
Situações especiais: gestação, lactação e anticoncepcionais
Gestação: preferir abordagens não farmacológicas, paracetamol como primeira linha. Anti-inflamatórios têm restrições por trimestre. Triptanos podem ser considerados em casos selecionados com orientação especializada.
Lactação: várias opções são compatíveis, incluindo ibuprofeno e alguns triptanos.
Enxaqueca com aura e anticoncepcional combinado: há aumento do risco de AVC isquêmico. Em geral, prefere-se métodos sem estrogênio ou regimes de baixa dose após avaliação de risco.
Cefaleia por abuso de analgésicos
Usar remédios de crise com muita frequência mantém a dor ativa. Sinais de alerta: uso de analgésicos comuns em 15 ou mais dias por mês, ou triptanos em 10 ou mais dias por mês, por mais de 3 meses. O tratamento envolve redução gradual do uso, introdução de preventivo e educação para resgates mais criteriosos.
Quando procurar ajuda urgente
Cefaleia que surge de repente no pico, diferente de tudo que você já sentiu
Dor de cabeça com febre alta, rigidez de nuca, confusão, convulsão ou desmaio
Déficit neurológico que não regride em até 60 minutos
Piora progressiva do padrão habitual, especialmente após os 50 anos
Dor após trauma ou em uso de anticoagulantes
FAQ rápido
Enxaqueca é para sempre?
A tendência é flutuar ao longo da vida. Com tratamento e hábitos, muitas pessoas reduzem muito a frequência e a intensidade.
Café faz bem ou mal?
Depende da dose e da pessoa. Excesso pode piorar, retirada abrupta também. Moderação e regularidade ajudam.
Sinusite causa a maior parte das “dores de cabeça de sinusite”?
Não. Muitas são enxaqueca com sintomas nasais. Sinusite verdadeira costuma vir com febre, secreção purulenta e dor à palpação do seio da face.
Tenho aura. Posso dirigir?
Evite dirigir durante a aura e no início da crise. Espere a visão e a atenção voltarem ao normal.
Topiramato engorda ou emagrece?
Geralmente está associado a perda de peso leve, mas pode causar formigamentos e alterações de atenção em algumas pessoas.
Aviso importante (disclaimer de saúde)
Este conteúdo é educativo e não substitui consulta médica. O plano para enxaqueca precisa considerar histórico, comorbidades, medicações em uso, gravidez e preferências pessoais. Em sinais de alerta, procure avaliação imediata.
Como a VirtualCare pode ajudar
Ajudamos a confirmar o diagnóstico, mapear gatilhos, montar plano de crise e escolher prevenção adequada, incluindo terapias modernas quando indicadas. Também acompanhamos gestantes e lactantes com segurança e coordenamos cuidados com nutrição, sono e saúde mental. Precisa de orientação personalizada? Agende uma consultacom a VirtualCare.
Referências e leituras recomendadas
AHS. American Headache Society. Guidelines para tratamento agudo e preventivo da enxaqueca.
EAN/EFNS. Diretrizes europeias sobre manejo da enxaqueca episódica e crônica.
NICE. Migraine: diagnosis and management.
Cochrane Reviews. Eficácia de triptanos, anti-inflamatórios, topiramato e toxina botulínica.
Lancet Neurology / JAMA / NEJM. Ensaios e revisões sobre anticorpos anti-CGRP, gepants e ditans.
Sociedades nacionais de neurologia e cefaleia: protocolos de prevenção e recomendações por ciclo de vida.


