Conteúdo discutido neste post
O que é trombose e por que importa
Sintomas: TVP e embolia pulmonar
Fatores de risco e gatilhos
Diagnóstico: como é a investigação
Tratamento: anticoagulação e além
Prevenção: no dia a dia e em situações especiais
Situações que exigem atenção imediata
FAQ rápido
Como a VirtualCare pode ajudar
Aviso importante (disclaimer de saúde)
Referências e leituras recomendadas
O que é trombose e por que importa
“Trombose” é a formação de um coágulo dentro de um vaso sanguíneo. Quando acontece em veias profundas das pernas ou pelve chamamos de trombose venosa profunda (TVP); se parte desse coágulo se desprende e alcança os pulmões, ocorre a embolia pulmonar (EP), um quadro potencialmente grave. Há também tromboses arteriais (menos o foco aqui), associadas a infarto e AVC.
A boa notícia é que identificar cedo e tratar corretamente reduz complicações, recorrência e mortes evitáveis.
Sintomas: TVP e embolia pulmonar
Os sinais mudam conforme a localização. Nem todo mundo terá todos eles, mas conhecer o padrão ajuda a procurar ajuda no tempo certo.
TVP (pernas/pelve)
Dor ou sensação de peso na panturrilha ou coxa
Inchaço unilateral
Calor e vermelhidão locais
Veias superficiais mais aparentes
Piora ao ficar em pé por muito tempo
Embolia pulmonar
Falta de ar de início súbito ou que piora rapidamente
Dor no peito que pode piorar ao respirar fundo
Tosse, às vezes com sangue
Tontura ou desmaio
Aceleração do coração e queda de oxigenação
A presença de sintomas respiratórios súbitos após uma dor e inchaço recentes na perna levanta ainda mais a suspeita para EP.
Fatores de risco e gatilhos
Trombose costuma resultar de uma combinação de fatores que alteram o fluxo, a parede do vaso e a coagulação.
Imobilização prolongada: pós-operatório, fraturas, longas viagens com pouco movimento
Cirurgias ortopédicas, oncológicas e grandes procedimentos
Câncer ativo e alguns tratamentos antineoplásicos
Gestação e puerpério, anticoncepcionais e terapia hormonal
Trombofilias hereditárias ou adquiridas (ex.: SAF)
Obesidade, tabagismo, idade avançada
Infecções recentes e estados inflamatórios
Histórico pessoal ou familiar de trombose
Nem sempre um único fator explica. Às vezes uma pessoa junta dois ou três gatilhos em sequência e o risco sobe muito.
Diagnóstico: como é a investigação
A avaliação começa pela história e exame físico. Para TVP de membros inferiores, utiliza-se frequentemente um escore clínico (como Wells). Quando a probabilidade é baixa e o D-dímero é negativo, a trombose torna-se improvável. Se a suspeita persiste ou o D-dímero está elevado, o exame de escolha é o ultrassom Doppler venoso dos membros.
Para EP, a investigação combina gasometria ou oximetria, exames de sangue, eletrocardiograma, radiografia de tórax e, quando indicado, angiotomografia de tórax com contraste. Em casos em que o contraste não é possível, a cintilografia pulmonar de ventilação-perfusão pode ser considerada.
Importante lembrar que o D-dímero é sensível, porém pouco específico. Ele sobe em muitas condições, então o resultado sempre é interpretado no contexto clínico.
Tratamento: anticoagulação e além
O pilar do tratamento é a anticoagulação, que evita o crescimento do trombo e reduz o risco de embolização. A escolha do esquema depende do cenário clínico, comorbidades, risco de sangramento e disponibilidade.
Anticoagulação
Heparinas: não fracionada (IV) ou de baixo peso molecular (subcutânea), muito usadas no início do tratamento e em gestantes
DOACs: rivaroxabana, apixabana e dabigatrana (em geral não exigem controle de INR e têm esquema fixo)
Varfarina: eficaz, com custo baixo, porém requer monitorização do INR e atenção a interações
Duração do tratamento
Evento provocado por fator transitório (ex.: cirurgia recente): costuma-se tratar por 3 a 6 meses
Evento não provocado ou com fatores persistentes (ex.: trombofilia de alto risco, câncer): pode-se considerar uso prolongado
A decisão é individual, revisando risco de recorrência e de sangramento.
Quando considerar outras estratégias
Trombólise sistêmica ou dirigida por cateter em EP de alto risco, com instabilidade hemodinâmica
Filtro de veia cava em situações muito específicas, quando anticoagulação é contraindicada e o risco de EP é alto
Analgesia, elevação de membros e meias de compressão para alívio de sintomas em TVP
Durante o tratamento, sinais de sangramento devem ser monitorados. Nunca ajuste doses por conta própria.
Prevenção: no dia a dia e em situações especiais
Prevenir trombose é combinar movimento, hidratação e, quando necessário, medidas médicas.
No cotidiano
Levantar e movimentar as pernas com frequência se você trabalha muito sentado
Hidratar-se bem
Reduzir tabagismo, manter peso saudável, tratar comorbidades
Discutir com seu médico o risco trombótico antes de iniciar hormônios ou cirurgias eletivas
Viagens longas
Caminhar pelo corredor, flexionar tornozelos e joelhos periodicamente
Evitar álcool em excesso, manter água por perto
Meias de compressão graduada podem ajudar em pessoas de risco
Pós-operatório, gestação e câncer
Alguns pacientes se beneficiam de anticoagulação profilática por período definido
Em gestantes, preferir heparinas de baixo peso molecular quando indicado
Em câncer, o esquema e a duração são personalizados, considerando risco de sangramento e interações
Situações que exigem atenção imediata
Procure serviço de urgência se houver:
Falta de ar súbita e intensa
Dor torácica que piora para respirar
Tosse com sangue, tontura, desmaio
Inchaço súbito e doloroso em uma perna, especialmente após imobilização, cirurgia ou viagem longa
FAQ rápido
Trombose sempre deixa sequelas?
Nem sempre. Algumas pessoas recuperam totalmente. Em outras, pode haver síndrome pós-trombótica com inchaço crônico e desconforto na perna.
Posso viajar após uma TVP/EP?
Depende do tempo desde o evento, do controle dos sintomas e da anticoagulação. Viagens longas logo após o evento costumam ser desencorajadas. Converse com seu médico.
Anticoncepcional aumenta o risco?
Alguns estrogênios aumentam o risco, especialmente em quem já tem outros fatores. Avalie alternativas com seu ginecologista.
Meias de compressão previnem trombose?
Ajudam em edema e sintomas e podem ter papel preventivo em situações específicas. Em viagens e no pós-operatório de risco, podem ser recomendadas como parte de um pacote de medidas.
Por quanto tempo tomarei anticoagulante?
Entre 3 e 6 meses em eventos provocados. Em situações não provocadas ou com fatores persistentes, pode-se discutir tratamento estendido. A decisão é individual.
Como a VirtualCare pode ajudar
A equipe da VirtualCare avalia sintomas, calcula probabilidade clínica, orienta exames adequados e discute início e manutenção de anticoagulação quando indicado. Também ajudamos a mapear fatores de risco, organizar profilaxia em cirurgias e viagens, e identificar sinais de alarme que exigem ida direta à emergência.
Aviso importante (disclaimer de saúde)
Este conteúdo é educativo e não substitui consulta médica. Para diagnóstico e tratamento individualizados, procure um(a) profissional de saúde. Em situações de emergência, busque atendimento imediatamente.
Referências e leituras recomendadas
Kearon C, et al. Antithrombotic Therapy for VTE Disease. CHEST Guideline.
Konstantinides SV, et al. 2019 ESC Guidelines for the diagnosis and management of acute pulmonary embolism. Eur Heart J.
NICE. Venous thromboembolism: reducing the risk for patients in hospital.
ISTH (International Society on Thrombosis and Haemostasis). Guidance documents on VTE.
Cochrane Reviews. Interventions for preventing venous thromboembolism in adults.
ASH Guidelines. Management of venous thromboembolism.
Brazilian Society of Cardiology / SBPT. Diretrizes para tromboembolismo venoso.


